De forma covarde, partido orientou mulheres parlamentares a fazerem um "escudo humano" durante a obstrução golpista no plenário; Júlia Zanatta tentou se blindar com bebê de 4 meses.
Por Ivan Longo
Durante a obstrução golpista promovida por parlamentares da extrema direita na Câmara dos Deputados nesta semana, uma transmissão ao vivo feita pelo deputado bolsonarista Zé Trovão (PL-SC) revelou uma troca de mensagens interna do partido que expõe o grau de premeditação da ação e covardia de integrantes do legenda, que decidiram usar mulheres e até mesmo um bebê como "escudo humano".
Ao exibir acidentalmente a tela de seu celular, o parlamentar extremista deixou vazar uma notificação recebida no grupo “ASCOM PL/Câmara”:
“Gente, esse escudo humano tem que ser com as deputadas na frente”.
A mensagem confirma que a equipe de comunicação do PL orientou suas parlamentares a formarem um “escudo humano” no plenário, numa tentativa calculada de dificultar a ação da Polícia Legislativa e constranger qualquer medida de desocupação. Entre as deputadas que participaram da encenação estava Júlia Zanatta (PL-SC), que levou seu bebê de apenas quatro meses para o local – um ato que gerou indignação e levou deputados governistas a acionar o Conselho Tutelar, sob a alegação de exposição da criança a risco físico e tensão institucional, em descumprimento ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Obstrução golpista.
A obstrução começou na terça-feira (5) e se estendeu por quase 40 horas, paralisando os trabalhos da Casa. Os bolsonaristas invadiram a Mesa Diretora e exigiram, à força, a votação de pautas como a anistia aos golpistas do 8 de janeiro e o impeachment do ministro Alexandre de Moraes (STF) – medidas que visam proteger Jair Bolsonaro, hoje em prisão domiciliar, de uma condenação por tentativa de golpe de Estado. Representações apresentadas por PT, PSB e PSOL ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar apontam que a ação foi “premeditada, coordenada e executada com o intuito de obstaculizar o regular exercício do Poder Legislativo, valendo-se do uso de força física, correntes, faixas, gritos e objetos simbólicos como adesivos na boca”.
O flagrante da mensagem no celular de Zé Trovão expõe a covardia de um plano que usou mulheres – e até um bebê – como barreira humana em uma ação golpista contra o funcionamento do Parlamento.
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